Eles & Elas Nº300 – Nas Bancas

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Vanda Stelzer Sequeira – Embaixatriz da Áustria – Na Eles&Elas 299

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A Embaixatriz da Áustria

Vanda Stelzer Sequeira é portuguesa, diplomata e é, atualmente, a Embaixatriz da Áustria em Portugal, pelo seu casamento com o presente Embaixador, Thomas Stelzer. Tem o coração entre os dois países e espera, com o seu trabalho, apoiar o marido a divulgar o melhor da cultura austríaca e fazê-lo conhecer Portugal o melhor possível. Esteve envolvida na organização do Baile Vienense, em Lisboa, e foi na sequência disso que a conhecemos melhor.

Como e quando optou pela carreira de diplomata?

Sempre tive muita curiosidade em relação ao mundo que me rodeia, em relação a outras culturas e a diferentes modos de estar e pensar. A decisão de concorrer à carreira diplomática veio naturalmente, após terminar a licenciatura em Relações Internacionais da Universidade Técnica de Lisboa. Além de exercer de momento funções na Presidência da República, é também Embaixatriz da Áustria:

Como descreveria a sua relação com este país?

A Áustria é o país onde conheci o meu marido, estava eu na altura a exercer funções na Embaixada de Portugal em Viena. Foi o país onde casámos e também o país onde nasceram os nossos dois filhos mais velhos (o mais novo nasceu em Nova Iorque). Além da excelente qualidade de vida que a Áustria, e em particular a cidade de Viena, oferecem, existe no meu caso também uma óbvia relação emocional com a Áustria. Tenho lá família e amigos com quem mantenho um contato regular. Estando a desempenhar a função de Embaixatriz da Áustria no seu país de origem, de que forma contribui para aproximar os dois povos? Bom, essa é a principal função do meu marido enquanto embaixador da Áustria em Portugal! Como mulher dele, tenho uma função discreta de apoio, na retaguarda. Julgo que o facto de ter uma família portuguesa ajudou o meu marido a integrar-se no nosso país, pelo menos no início – entretanto, ele conhece mais pessoas do que eu e, provavelmente, também conhece melhor o país do que eu! Tem viajado incansavelmente de norte a sul divulgando a Áustria e a cultura austríaca, nomeadamente a música, promovendo iniciativas e eventos em diferentes cidades e pontos do país. Hoje em dia, , como no seu caso, muitas embaixatrizes têm carreiras próprias, que são independentes da função dos seus maridos.

Como vê esta evolução, no vosso caso têm conseguido conciliar as duas carreiras?

Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, era inevitável que também a carreira diplomática tivesse de sofrer ajustamentos. Em Portugal, em especial, apenas a partir de 1974 puderam as mulheres aceder à carreira diplomática, que até aí era reservada aos homens. Temos entretanto um número razoável de mulheres que atingiu o topo da carreira diplomática. E por detrás destas embaixadoras, há muitas vezes um marido que as acompanhou e apoiou ao longo dessa carreira, umas vezes no mesmo país, outras vezes longe, por motivos profissionais ou
outros. Acredito que a conciliação de duas carreiras profissionais é possível, embora não fácil, e é hoje relativamente comum. É o facto de os diplomatas, por definição, passarem em média cerca de quatro anos num determinado país, que torna a conciliação da vida familiar com a prossecução de uma carreira profissional um desafio muito particular. Sabemos que esteve envolvida na organização de um fantástico baile no Convento do Beato para apresentação à sociedade de várias jovens.

Que importância têm, para si, eventos como este?

É uma tradição bonita e, aliás, muito viva na Áustria, onde os objetivos dos bailes são variadíssimos (bailes de finalistas, bailes de beneficiência – awareness-raising, fund-raising – p.e. cancro da mama, refugiados, assuntos LGBT, bailes dos vários grupos políticos). No caso do baile vienense de Lisboa, escolheu-se dar destaque à Orquestra Geração e promover o seu muito relevante projeto de intervenção social através da música. Em simultâneo, celebra-se a cultura e a comunidade austríacas em Portugal, abrindo também uma porta para o público português conhecer melhor a Áustria e tudo aquilo que esta oferece.

Que valores acha que a juventude de hoje em dia não deve dispensar?

Que valor pode uma tradição como o debute / um baile de debutantes ter hoje em dia, especialmente para os jovens que participam nele? É divertido aprender a valsa e as outras danças de salão, seria uma pena se se perdessem como forma de socialização. No caso do baile vienense, pude constatar que os ensaios criam e reforçam amizades, os nossos debutantes (nem todos se conheciam antes) são agora amigos, encontram-se também quando não há ensaios. É importante sentir-se bem e estar à vontade em circunstâncias diversas da vida, seja num encontro de amigos, ou num evento mais formal. Os debutantes do ano passado regressaram ao baile deste ano e o grupo vai-se alargando…

Que mensagem gostaria de deixar aos jovens de Portugal e da Áustria?

Fazendo a ligação ao baile, diria que há tradições e valores que são antigos, vêm de trás, mas que ainda hoje nos podem servir de orientação. Não se trata de gravar estas tradições em pedra, é preciso contextualizá-las, permitindo também que sejam modificadas e ajustadas ao mundo atual. Aos jovens de hoje diria que é importante pensarem “out of the box”, resistirem ao conformismo, serem independentes e terem um sentido crítico das coisas, sem deixar de apreciar o que existe de bom, bonito e divertido no mundo.

M.L.B.

Madonna – Uma lenda viva – Na Eles&Elas 299

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A capital portuguesa está na moda e cada vez é mais difícil resistir aos encantos da cidade do Tejo. Madonna engrossou a lista de celebridades que procuram casa em Lisboa para aqui conseguir proporcionar boa qualidade de vida e lazer, e isso fez com que a Rainha da Pop invadisse jornais e revistas de novo. Quase a completar 60 anos de vida, é oportuno recordar a vida cheia e gloriosa de alguém que, em breve, será nossa vizinha. Uma vez ela própria disse: “sei que não sou a melhor cantora e sei que não sou a melhor dançarina”. Pouco importa tal coisa: é simplesmente a Madonna.

É a Rainha da Pop e dispensa apresentações. Madonna nasceu em 1958 e cedo descobriu a agilidade e a leveza que a permitiam dançar com toda a desenvoltura. Era a dança a sua grande paixão, e a jovem, nascida numa pequena cidade do Estado do Michigan, percebeu que tinha de seguir esse caminho. Quis correr atrás das oportunidades e aprender perto dos melhores, e assim mudou-se para Nova Iorque, aos 19 anos, desistindo do seu curso na faculdade. Estava dado o primeiro passo para o nascimento de uma lenda. Sozinha na cidade que nunca dorme – a mãe tinha morrido ainda ela era pequena, e pelo pai sentia raiva pelo facto de se ter casado novamente – Madonna trabalhou para garantir o seu sustento e entrou em alguns grupos de dança.  “Cheguei a Nova Iorque com 35 dólares no bolso. Foi a coisa mais corajosa que já fiz”, contou. Ao pisar vários palcos para dançar para outros artistas, Madonna ficou desperta para a vontade de cantar também. Queria estar no centro, queria brilhar mais ainda. Participou em duas bandas e depois fez coros para o cantor alemão Otto von Wernherr, e na sequência de todas estas experiências foi apresentada pelo produtor Mark Kamins ao fundador de uma discográfica. Assinou o seu primeiro contrato e trabalhou para compor o seu primeiro single, “Everybody”, que estreou em 1982 e tornou-se um verdadeiro êxito nas pistas de dança. O sucesso fez o público pedir mais, e em pouco tempo estava lançado o primeiro álbum. Deste “Madonna” saíram grandes êxitos, como “Borderline” e “Lucky Star”, mas o melhor estava ainda para vir…

Em 1984, vinha o segundo álbum, onde estava a faixa “Like a Virgin”. Cada vez mais provocante e irreverente, tanto no conteúdo das letras como nas suas roupas e apresentações em palco, Madonna tornou-se uma referência, tanto para o público feminino, que procurava adotar o seu estilo de vestuário, como para o público masculino, seduzido pela sensualidade desta jovem estrela. As músicas e os looks saltaram fronteiras e tornaram-se êxitos internacionais, e o disco passou semanas nos tops dos mais vendidos. Nos concertos e nas apresentações na televisão, Madonna nunca disfarçou a sua vontade em provocar e em soltar a sua loucura. Apostando em vestidos provocantes e em coreografias muito sensuais, a cantora sempre chocou os mais religiosos e conservadores. Mas, irreverente desde o primeiro segundo, a artista nunca se importou e nunca se abalou com as críticas. E foi assim que foi somando sucessos: concertos esgotados, convites para produções fotográficas, papéis em filmes e em peças de teatro, mais singles e discos com milhares de vendas – aconteceu com “Like a Prayer”, o disco que a revista Rolling Stone caracterizou como o “mais próximo que a Pop chegou à Arte”. Impossível é esquecer o grande sucesso que alcançou na interpretação da personagem Eva Perón, em “Evita”, o drama histórico que valeu à Rainha da Pop o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Musical ou Comédia. Uma canção que interpretou no filme, “You Must Love Me”, ganhou o Óscar de Melhor Canção Original em 1997, e o tema “Don’t Cry for Me Argentina” foi um êxito internacional. Na década passada, a artista vagueou entre o dance, o disco e a música eletrónica, em canções como “Hung Up”, e também experimentou algumas sonoridades R&B e hip hop no álbum “Hard Candy”, de 2008. Os anos passaram, mas Madonna nunca perdeu a sua irreverência e sensualidade. Continua a vestir-se para provocar, continua com uma forma física de fazer inveja e mantém toda a energia da juventude nos seus espetáculos. Hoje, está mais amadurecida. Musicalmente, os temas continuam a transmitir uma louca vontade de dançar, e os videoclips não perderam o hábito de contar histórias. Madonna é uma mulher que sabe usar a sua arte para transmitir o que pensa  e sente sobre os mais diversos assuntos. Nem sempre compreendida, especialmente nos trabalhos com cariz mais sexual, a cantora nunca baixou os braços e soube sempre afirmar-se de acordo com aquilo que é. Com isso, vendeu mais de 300 milhões de discos e tornou-se a cantora mais bem-sucedida da história, de acordo com o Guinness World Records. Além de cantar, Madonna também se dedica ao design de moda, à escrita, à direção cinematográfica e também está envolvida em alguns negócios. Tem uma vasta família composta por crianças que adotou em alguns países africanos, o que mostra a sua faceta solidária.

Apaixonada por Lisboa Não foram mais do que uma dúzia de dias aqueles que Madonna passou em Lisboa. A cantora norte-americana percebeu que a cidade está na moda e está em todas as listas de destinos recomendados pelas mais prestigiadas agências de viagens e revistas de Turismo, pelo que não quis perder tempo e embarcou com os filhos até à capital portuguesa. Mas não foi apenas por lazer que a Rainha da Pop esteve em Portugal. Madonna está mesmo decidida a mudar-se para o nosso país, tendo já inscrito os filhos (David, Mercy, Esther e Stella) no Liceu Francês e colocado o filho a treinar no Seixal, nas instalações do Sport Lisboa e Benfica, sob a alçada de Nuno Gomes. Por finalizar ficou a compra da casa que vai habitar juntamente com a sua família, num futuro não muito longínquo, pois a artista estará ainda indecisa entre as muitas casas de luxo que visitou. Nestes dias em Lisboa, Madonna encontrou-se com o Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e também com o Ministro da Cultura, calculando-se também que tenha estado igualmente com o Primeiro Ministro.

É do conhecimento público que Madonna esteve apaixonada pelo modelo português Kevin  Sampaio, com quem supostamente manteve uma relação há alguns anos. Terá sido este amor que despoletou o gosto por Portugal e por Lisboa, que agora conduziu a cantora a mudar de vida e a passar a residir no outro lado do Atlântico. Os dois conheceram-se em 2015, quando o modelo participou no videoclipe da canção “Bitch I’m Madonna”, no qual surge a beijar a artista numa cena de grande sensualidade. Rapidamente a imprensa internacional o classificou como “o menino bonito de Madonna”. Tendo trazido os filhos nesta sua viagem, Madonna dedicou muito do seu tempo a explorar os recantos e as maravilhas da cidade de Lisboa, tendo registado esses momentos em fotografias que partilhou nas redes sociais. Assim, e embora praticamente ninguém tenha visto Madonna a passear por Lisboa, o certo é que a diva passeou pelo Oceanário, por Sintra, pelo Estádio da Luz, pelo Mosteiro dos Jerónimos ou pelo Parque Eduardo VII, mesmo ao lado do Hotel Ritz, em cuja suite presidencial ficou hospedada. A cantora desembolsou 15 mil euros por noite e beneficiou de acesso direto à garagem, o que explica o facto de não ter sido fotografada perto do hotel.

A última foto da sua presença em Lisboa mostrava as duas gémeas Esther e Stella vestidas com o equipamento do Benfica com a legenda “onde a vida começa”, o que deixa realmente antever um novo início para a vida da estrela pop, longe da azáfama dos Estados Unidos e inserida na tranquilidade de Lisboa. A paixão por Lisboa estende-se ao clube encarnado, uma vez que Madonna publicou uma foto com a descrição “Glorioso” – precisamente em português – na sua conta de Instagram. E uma outra foto mostra um avental do famoso Galo de Barcelos. São inúmeras as referências a Portugal nas redes sociais da cantora, o que mostra como é real e intensa a paixão pelo nosso país. A confirmar-se o interesse em aqui residir, Madonna será mais uma das muitas estrelas internacionais que escolheram Lisboa para viver. Vai, assim, juntar-se a Monica Belluci, ao ator irlandês Michael Fassbender, e ao futebolista Eric Cantona

MET de NY – Na Eles&Elas 299

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A grande gala anual do Museu Metropolitano de Artes de Nova Iorque (MET) voltou a dar que falar pelos melhores motivos sendo este um dos eventos mais concorridos no mundo da moda. Neste ano, para celebrar a abertura da exposição “Rei Kawakubo/Comme des Garcons: Art of the In-Between”, dedicada à designer japonesa Rei Kawakubo, que mostra cerca de 140 modelos de roupa de mulher criada para a marca Comme des Garçons desde os inícios dos anos 80 até às suas coleções mais recentes, as celebridades homenagearam o tema com looks vanguardistas que fizeram sucesso na passadeira vermelha. Como sempre, nesta gala incontornável da cidade de Nova Iorque misturaram-se a elegância e glamour à excentricidade e ousadia de todos os que marcaram presença

Festival de Cannes – Festa do Cinema e Elegância – Na Eles&Elas 299

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A grande festa da Sétima Arte voltou a deixar a cidade de Cannes repleta de artistas e celebridades. O pretexto é comemorar o Cinema e divulgar as mais recentes e grandiosas produções feitas pelos profissionais da área, mas o evento é também uma excelente oportunidade para centenas de personalidades exibirem o seu bom gosto e elegância. Como já é tradição, a passadeira vermelha do Festival de Cannes encheu-se de glamour, de sorrisos, de brilhos, de disparos de flashes. As celebridades convidadas para o evento escolheram criações de grandes designers e mostraram o melhor delas na red carpet, perante as objetivas sempre prontas dos fotógrafos. Adriana Lima, Monica Belucci, Rihanna e Victoria Hervey foram apenas algumas das personalidades que posaram para os fotógrafos. Portugal esteve muito bem representado  por Sara Sampaio, que ao longo de todo o evento se apresentou sempre muito bem vestida com criações diferentes entre si, atestando a versatilidade da modelo portuguesa. Também a atriz Maria João Bastos apareceu na passadeira vermelha num dos dias do festival, mostrando toda a sua elegância com o vestido e as joias escolhidas. A competição foi novamente muito concorrida. Este ano, o júri do festival atribuiu o Grande Prémio ao filme francês “120 battements par minute”, de Robin Campillo, uma comovente e dramática fita sobre os anos em que a SIDA parecia querer assolar Paris. A Palma de Ouro foi atribuída ao filme “The Square”, realizado pelo sueco Ruben Östlund. Joaquin Phoenix recebeu o prémio de Melhor Interpretação Masculina, e a atriz alemã foi distinguida como Melhor Interpretação Feminina. O júri que atribuiu estas e outras distinções foi liderado por Pedro Almódovar.

Teresa Lamas – De Farda num mundo de homens – Na Eles&Elas 299

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Teresa Lamas fez história há 25 anos, ao tornar-se uma das primeiras mulheres a entrar para os paraquedistas portugueses. Passou por uma formação exigente física e psicologicamente, lutou contra alguns preconceitos e conquistou o seu lugar nas Forças Armadas. Nos tempos livres, é uma mulher como as demais e adora História, restauro e desporto. É esta pessoa fascinante que quisemos conhecer melhor.

Podemos começar pelo início da sua vida… O que estudou, onde trabalhou…?

Antes de entrar para os paraquedistas, eu não trabalhava. Sempre vivi bem, numa família de classe média. Fui para os paraquedistas porque, no final de 1991, começou a falar-se de que iria abrir vagas para as mulheres, e como o meu pai tinha sido paraquedista – na Guerra Colonial, ele chegou a ser guarda-costas do General Spínola, na Guiné – e então resolvi entrar. E fi-lo porque se tratava dos paraquedistas, porque nunca me passou pela cabeça ir para a tropa. Na altura, fui atleta de alta competição, assim como a minha irmã. Cheguei a ser campeã nacional dos 400 metros, na época de 1988/89, e fiz alguns trabalhos como modelo – fui Miss Coimbra e estive na Miss Portugal. Além disso, estudei História da Arte e Conservação e Restauro. Em relação a cursos militares, tenho muitos. Tenho o de paraquedismo, vários relacionados com informações e comunicações, tirados na Escola de Comunicações da NATO (em Latina – Roma).

E no meio de tantas áreas diferentes, alguma tinha especial importância para si quando era criança?O que queria ser quando fosse grande?

Sempre pensei em seguir alguma coisa ligada à História, Conservação e Restauro. Gosto muito de peças antigas e de restaurar coisas antigas, e esse é um grande hobby hoje em dia. Seguiu a carreira militar por causa do exemplo que recebeu do seu pai e do percurso que ele traçou. Quando tomou a decisão de entrar para os paraquedistas, como foi a reação do seu pai? Ele teve contacto com as enfermeiras paraquedistas, que eram um caso à parte. Elas eram enfermeiras, tiraram um curso minimamente militar para estarem preparadas para aquilo a que iam, e estiveram no cenário da Guerra Colonial entre 1961 e 1974. Com o fim do conflito, elas saíram da Força Aérea. Mais tarde, em 1991, quando se começou a falar de mulheres paraquedistas, nós sabíamos que íamos para uma tropa de elite, o que significava que a formação já seria outra, igual à dos homens. O curso de paraquedismo foi extremamente duro, mas também fizemos outros cursos de grande dificuldade. A primeira coisa que o meu pai disse foi: “se queres ir, vai; mas não vais conseguir”. Sinto que ele disse isto sabendo que eu não ia desistir e que era capaz de fazê-lo. A minha mãe achou uma coisa fora do normal. Mas estava decidida a ir: tinha boas capacidades físicas, sentia-me capaz por ter sido atleta, e, apesar das mazelas durante o curso, levei-o até ao fim e fiquei. Em 495 concorrentes, entraram 36 mulheres no curso e apenas 25 chegaram ao fim. Depois do curso de paraquedismo, tive de tirar uma especialidade e escolhi a parte das comunicações. Ainda realizei testes psicotécnicos, e acabei nas quatro primeiras classificadas, indo para operadora de comunicações. Na altura era praça, e depois de fazer o Curso de Sargentos, já em 1995, decidi manter-me na área das comunicações. É uma área de que gosto imenso!

Há 25 anos, quando tudo isto aconteceu, como é que os homens que pertenciam ao mundo militar viram a entrada das mulheres?

Na altura, foi um bocado complicado para nós.  Eu entrei para os paraquedistas a 25 de abril de 1992, e em março já tinham entrado as primeiras mulheres para o exército. Na Força Aérea já existiam mulheres há alguns anos. Nós, mulheres paraquedistas, levámos um pouco por tabela. Avisavam-nos de como nos deveríamos comportar quando fôssemos de fim-de-semana, e diziam-nos que, se saíssemos à rua fardadas, iríamos ouvir comentários desagradáveis da população. Pela maioria dos camaradas, no início, não fomos bem aceites, mas com o tempo a situação foi melhorando. Mas penso que, ainda hoje, muitos camaradas não aceitam que lá estejamos, especialmente sendo esta uma força especial. Outros já se aperceberam de que, para tomar decisões rapidamente e a quente, as mulheres têm mais capacidade, são mais ágeis. No entanto, é como em qualquer área: há mulheres mais capazes do que outras.

Houve algum momento negativo ao longo destes anos originado nesse “choque” de mentalidades? 

Tive alguns… Digamos que fui prejudicada algumas vezes por ser mulher e por ser considerada uma mulher bonita. Não tenho culpa disso. Na tropa, quando uma mulher é muito bonita ou feminina, acham-na menos capaz do que as outras. Eu consigo ser militar e extremamente feminina quando não estou a trabalhar. A maior parte das camaradas que fizeram carreira são mais masculinas, o que pode ser uma forma de se integrarem melhor. O certo é que elas são menos prejudicadas, porque os homens veem-nas mais como eles.

Que balanço faz destes 25 anos?

Para mim é um balanço muito positivo! No início, houve instrutores que diziam mesmo “Lamas, vai-te embora, isto não é para ti!”, mas sinto que isso me motivou ainda mais. Fiz o curso de paraquedismo para mostrar ao meu pai que era capaz, mas acabei por gostar e concorri aos quadros, onde acabei por ficar. Diziam-me que quanto mais passássemos despercebidas no curso melhor, e eu não conseguia porque, além de ser mulher, tinha 1,74m. Não havia mulher tão alta como eu ali. Hoje, passados 25 anos, já sou Sargento-Ajudante, e as pessoas já me veem de forma diferente. Se estou aqui há tanto tempo, se fiz carreira neste ramo, é porque tenho algum valor.

Como é a Teresa Lamas quando despe a farda?

Sou a mesma pessoa! Quem me conhece bem sabe que é assim mesmo. Os que me conhecem do social não me conseguem imaginar de farda. Até no meu trabalho já se sentiu o choque! Antes de vir para este cargo que estou agora, na DCSI, estive seis anos na NATO. Quando voltei, haviam pessoas novas que não me conheciam e, por curiosidade, foram pesquisar o meu Facebook…
Ficaram espantadíssimos por verem que eu uso vestidos! Mas isso não faz de mim menos militar que as outras. Sou militar 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Mas, quando dispo a farda, sou uma mulher normal.

Como é que ocupa os seus tempos livres?

Passo tempo com a minha família. A minha irmã, Alexandra Lamas, foi atleta comigo e chegou a vir também para o curso de paraquedismo, mas resolveu sair por achar que não tinha estofo para aguentar algumas situações, nem paciência para aceitar de ânimo leve certas coisas, menos agradáveis. Há pouco tempo, há cerca de quatro anos, regressou ao Atletismo. Quando éramos mais novas, eu era velocista e ela era atleta de fundo e meio-fundo. Ao vir para o curso, perdi as minhas capacidades de velocidade e ganhei resistência, conforme o meu treinador me tinha dito antes. A minha irmã, como precisava de muita resistência nas provas, acabou por sair melhor da tropa. Por isso, regressou às provas e em grande! É campeã do Mundo e da Europa nos 3 mil, 5 mil, 10 mil e 20 mil metros de Marcha. Por isso, aproveito o meu tempo para a acompanhar. Vou com ela aos Europeus deste ano. Continuo ligada ao Desporto, ainda que não a competir. De resto, passeio com a família, dedico-me aos meus trabalhos de restauração e conservação, gosto de viajar, conhecer novas culturas e cidades com museus! Adoro Viena, Roma, Praga, Paris, Berlim, Atenas, … imensas! Adoro cidades com História e Arte.

Sabemos que também gosta muito de Moda. Quais são os seus estilistas de eleição?

Eu gosto imenso de Carlos Gil, porque tem coleções fantásticas, elegantes e muito clássicas, muito dentro do meu género. Também gosto muito da Fátima Lopes, e de outros estilistas com criações mais viradas para o homem, como o Filipe Faísca, o Nuno Gama… A nível internacional, gosto muito de Karl Lagerfeld da Casa Chanel e Fendi.

Como define ser mulher?

Ser mulher é lidar todos os dias com linhas ténues, é equilibrar todos os dias a independência e a intimidação! Nós conseguimos fazer as mesmas coisas que os homens. Eles têm mais 10% de força muscular do que nós, mas a nível de resistência as mulheres são superiores. Quando fazíamos topográficas, em que saíamos de manhã às 11h para só voltarmos às 11h do dia seguinte, muitos homens desistiam. Ser mulher, hoje em dia, é, por isso, ter a capacidade de nos encaixarmos em todas as áreas e conseguir sobressair. No meu trabalho, sinto que consigo fazer as mesmas coisas que os homens e bato-me de igual para igual. As mulheres conseguem sentir mil emoções e estar em diversos estados diferentes ao longo de um dia. Ser mulher é ter a capacidade de avaliar situações graves e encontrar soluções diferentes, menos drásticas. Conseguimos antever alguns episódios e tomamos decisões a pensar no futuro. Não reagimos demasiado no momento dos acontecimentos, como os homens. Tenho sido muito elogiada por ser muito organizada e por saber realizar bem as tarefas. Hoje em dia, não há barreiras nem fronteiras. Não é o facto de sermos mulheres que nos impede de sermos o que quisermos.
Não nos devemos intimidar perante nada e temos de ir à luta! Não há nada que não podemos fazer.

Quais são os seus sonhos e objetivos para o futuro?

A carreira de Sargento tem vários postos, e neste momento faltam-me dois para atingir o topo da carreira – o posto de Sargento-Chefe e o de Sargento-Mor. Quero muito chegar lá, até porque, neste momento, as mulheres que fizeram carreira militar na classe de Sargentos estão todas no mesmo patamar que eu. Estou a trabalhar para atingir esse objetivo, porque não é sentada que esse desejo se vai realizar. Trabalho diariamente para ter um trabalho que seja reconhecido e merecedora desse mesmo reconhecimento. É uma Honra Servir a Pátria, e faço-o com a plena consciência disso mesmo, tendo em conta os Valores, os Deveres e a Ética Militar aos quais estamos regidos. Honra, abnegação, moralidade, decoro, camaradagem, bravura, coragem, iniciativa, força de vontade, e presteza, são valores que nos são intrínsecos. Vestir a Farda é a minha segunda pele. A lealdade e a obediência são as maiores virtudes militares e a maior Honra que um Militar pode ter. A todas as Mulheres – atrevam-se e sejam bem-vindas a um Mundo dos Homens.

Portuguese Jewellery Shapers: Na Eles&Elas 298 – Nas Bancas

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A AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal lançou um novo projeto para valorização da arte e dos artesãos da joalharia portuguesa. A iniciativa foi apresentada na Ourindústria, evento que decorreu no Pavilhão Multiusos de Gondomar. Com uma história secular, a joalharia portuguesa é uma herança de arte e talento, passada de geração em geração. Para homenagear os artesãos portugueses, a AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal acaba de lançar um novo projeto em que dá a conhecer os rostos e as histórias por detrás das joias portuguesas.

Mestres do ofício, os ourives portugueses continuam a preservar as técnicas artesanais e as ferramentas tradicionais. Mas nem só de passado se escreve a joalharia portuguesa. Nas oficinas fundem-se os conhecimentos de outrora com novos conceitos de design e novas tecnologias. Nas escolas, transfere-se o conhecimento e a arte, para passar o legado e rejuvenescer a tradição. A iniciativa Portuguese Jewellery Shapers apresenta as histórias de sete artesãos portugueses, que, preservando a tradição, moldam o futuro da joalharia portuguesa. Do jovem José Elói, formado no CINDOR e que dá agora os primeiros passos na ourivesaria ao mestre Serafim Ferreira de Sousa que dedicou toda a sua vida à arte, são estes os retratos de um setor em renovação e crescimento.

Saiba mais na Eles&Elas 298 – Nas bancas