Branco Branco
que te quero Branco!
Memórias do tempo…
Queria lembrar-me apenas dos momentos felizes que vivi. Das férias brancas de neve na Serra Nevada, todos muito jovens e com os filhos bem pequeninos, da idade dos agora nossos netos. Do aprés sky a jogar gamão nas salas daquele hotel tão acolhedor e das músicas todas que dançámos em noites de férias felizes.
Queria lembrar-me de todas as festas, jantares entre amigos que, sem o saberem, me foram ensinando a viver e a formar a minha personalidade.
Queria lembrar-me de todos os que se sentaram à minha mesa no meu casamento e que me ofereceram os presentes que fizeram a minha felicidade.
Queria lembrar-me de todas as gracinhas de meus filhos quando começaram a falar e a despertar para a vida, e que me deram grandes momentos de alegria e satisfação.
Queria lembrar-me de todos os que foram no mesmo barco comigo para o Brasil, e de todos os que lá encontrei a tentarem recomeçar, sobreviver e vencer com o seu trabalho.
Queria lembrar-me de todas as colegas com quem vivi interna no colégio em Inglaterra, e por quem chorei no dia da separação de fim de curso, assim como de professoras e colegas que tive desde pequenina e que ocuparam a maior parte dos tempos da minha juventude.
Queria lembrar-me de todos os que saltavam a janelinha daquela casa de alpendre sobre a baía de Cascais e se sentaram á minha mesa.
CARTA AO LEITOR
Branco Branco
que te quero Branco!
Queria lembrar-me de todos os filmes de que gostei, de todos os livros que li e de todas as músicas que me alimentaram momentos de paz e amor.
Queria lembrar-me de todos os pássaros, flores e árvores que já vi e caminhos bonitos que percorri.
Queria lembrar-me de tudo quanto é bom e verdadeiro, para poder trazer a alegria comigo em todos os minutos.
Mas, se não me lembro de tudo, o que consigo lembrar ensinou-me que o importante é aprender a viver e esquecer tudo, se tiver que renascer.
Maria da Luz de Bragança.