Portugal Fashion – The Sofa Edition

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É no conforto do lar, de preferência num voluptuoso sofá, que se vai assistir ao 48.º Portugal Fashion. Numa
edição exclusivamente digital, em consonância com as medidas de contenção da pandemia, as
apresentações das coleções outono-inverno 2021-22 serão transmitidas em livestream no site
www.PortugalFashion.com, bem como nas redes sociais (Facebook e Instagram) do evento. E vai valer bem
a pena ficar em casa, pois as noites de 18, 19 e 20 de março trazem alguns dos maiores nomes da moda
portuguesa e o humor, irreverência e criatividade de Hugo van der Ding.

Esta “The Sofa Edition”, como orgulhosamente se assume, foi repartida em dois momentos: o take 1, que
acontece entre 18 e 20 de março, e o take 2, em data a anunciar. Neste take 1, o programa de apresentações
arranca na quinta-feira, às 20h00, com a jovem criadora Maria Carlos Baptista (plataforma BLOOM),
seguindo-se, nesse mesmo dia, Estelita Mendonça (20h45) e Katty Xiomara (21h30). Um dia depois, a 19,
nos mesmos horários, será a vez de Inês Torcato, Maria Gambina e Miguel Vieira revelarem as suas
coleções para a estação fria. Já no sábado, dia 20, vão ser conhecidas as propostas outono-inverno de
Ernest W. Baker, David Catalán e Alexandra Moura.

No primeiro take desta edição de sofá vão ser transmitidos vídeos com as coleções dos criadores, alguns
deles já apresentados no roteiro internacional do Portugal Fashion, e ainda pequenas produções
audiovisuais, de cariz mais conceptual, numa opção dos próprios designers por registos mais adaptados ao
desafio do digital. Além disso, Hugo van der Ding, responsável criativo pela campanha promocional desta
48.ª edição, entrevistará todos os criadores justamente de sofá para sofá, também por via digital. O
humorista tem vindo, aliás, a publicar pequenos sketches ilustrados nas redes sociais do Portugal Fashion,
em que parodia o universo da moda tendo como personagens um casal enfadonhamente confinado em
casa, José e Mariana, que é visitado pela hilariante Girafa Féshion.

No segundo take do 48.º Portugal Fashion, o programa incluirá vídeos da plataforma BLOOM (jovens
designers e alunos de escolas de moda) e dos vencedores do último concurso BLOOM, Maria Carlos
Baptista e Marcelo Almiscarado. Vão ainda ser reveladas as novas coleções dos criadores e marcas Diogo
Miranda, Alves/Gonçalves, Hugo Costa, Luís Onofre, Marques’Almeida, Susana Bettencourt, Pé de
Chumbo, Sophia Kah e Concreto. Destaque ainda para a apresentação dos uniformes da Seleção Nacional
para os Jogos Olímpicos de Tóquio e para um happening designado de “Welcome to Porto”, cujos
protagonistas são a marca Davii e o designer Nuno Miguel Ramos.

«O formato digital do 48.º Portugal Fashion é ditado por razões de saúde pública, mas também
procura ir ao encontro das novas formas de consumo e interação com a moda, sobretudo entre os
nativos digitais. Quisemos juntar o útil ao agradável, através de um formato inovador que reúne
moda, glamour e humor. De resto, os nossos criadores e marcas desenvolvem hoje quase toda a
sua atividade online, pelo que esta edição se insere neste esforço de transição digital da moda», explica
a diretora do Portugal Fashion, Mónica Neto.

A mesma responsável acrescenta que, «apesar dos constrangimentos causados pela pandemia, não
podíamos deixar de apoiar criadores e marcas neste momento difícil para a moda portuguesa e para
a atividade empresarial em geral. Tínhamos de realizar esta edição, mesmo que isso implicasse,
como foi o caso, apresentar digitalmente as coleções e repartir o evento por dois momentos. O
formato digital tem sido, aliás, adotado pelos principais eventos internacionais de moda,
designadamente alguns nos quais participaram criadores portugueses com o apoio do Portugal
Fashion», sublinha Mónica Neto.

O Portugal Fashion volta a reinventar-se, de 18 a 20 de março, apostando no digital a 100%, depois de em
outubro ter lançado, ou dado início, à  PF Digital TV. Para a próxima edição quiseram mais e
sentiram essa necessidade. De maior surpresa, de conteúdos diferentes e com um lado mais cómico na
imagem, para que contribuíssem com alguma alegria, para que estes momentos mais difíceis possam
ser, ainda que de forma simples e humilde, minimizados.

Foi com esta ideia em mente que nasceu o convite ao Hugo Van Der Ding, alguém “que foge à
normatividade do resto da sociedade”, nas palavras do próprio. Quiseram romper com o que tinham
feito até aqui. Quiseram arriscar, dar aquele passo extra que consideram importante e relevante.
Embora diga “que sim a tudo porque gosto de experimentar coisas novas, e porque nestas coisas
se recebem sempre imensos presentes”, e “sinta muita falta de jogar ténis intelectual com os
amigos, de ouvir pessoas da rua”, que são uma das suas grandes inspirações”, o Portugal Fashion deu
total liberdade ao Hugo para desenhar o que quisesse. Assim foi. E assim, também, nasceu o cartaz que
está em anexo.

No cartaz estão duas pessoas e uma girafa. Nas palavras do artista, “José e Mariana, um casal que,
como a maior parte de nós, está fechado em casa com a tendência natural para abandalhar. O jantar
passou a ser pizza todos os dias, estão há três meses com o mesmo fato de treino, e até já voltaram
a ter sexo um com o outro sem a presença de uma terceira ou quarta pessoa. Efeitos tristes da
pandemia. Felizmente, são visitados pela Girafa Féshion, uma espécie de grila falante, aquele amigo
do Pinóquio (aquele boneco de madeira de que se conta uma anedota muito ordinária com a Branca
de Neve), que os vai tirar dessa modorra. A ideia desta edição do Portugal Fashion, a Sofa Edition,
é precisamente escutarmos a nossa Girafa interior. Salvo seja.”.

A Eles&Elas dá os parabéns à ANJE, à diretora do Portugal Fashion, Monica Neto, ao André de Arayde e a toda a equipe!

Vemo-nos na primeira fila do sofá?!

Carlos Gil na Eles&Elas 308

Carlos Gil

A IMAGINAÇÃO DUM PROFESSOR E A SUA PAIXÃO PELA  MODA

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É por amor a beleza feminina, nas suas mais diferentes formas, que o Carlos Gil trabalha todos os dias no seu ateliêr do Fundão. Com um percurso onde a moda encontra-se com o ensino desde o início, o estilo que apresenta em todas as suas colecções reforça o seu nome como um dos mais vibrantes e impactantes do mercado nacional.

Com vinte e dois anos de carreira, o designer português é o nosso escolhido para o Prémio Moda 2019/2020.

 

Nascido no final da década de 60 em Moçambique, o mar e a liberdade que só o continente africano consegue transmitir fizeram parte da sua infância até aos sete anos, altura em que se mudou com a família para a florida cidade das cerejas, o Fundão. Foi neste ambiente mais tranquilo e pacato que o amor à moda começou a crescer, mesmo contra a vontade da família que gostava que ele seguisse um outro percurso mas que hoje o apoiam e dão lhe a maior força.

Formado em Design de Moda, teve uma breve passagem pelo ensino e colaborou com empresas exteriores antes de ter aberto, em 1998, o seu primeiro ateliêr Este projecto, que desde então tem marcado pela inovação, surgiu graças ao incentivo e apoio da sua mulher, Carla Neto. Juntos são o corpo e a alma da marca CARLOS GIL, que é sinónimo de sucesso e de perfeição em tudo o que apresentam.

O primeiro desfile de Carlos Gil no Portugal Fashion, a semana de moda mais importante do país e que todos os anos mobiliza dezenas de designers, aconteceu em 2009 com uma colecção de pronto-a-vestir que chamou logo a atenção de todos. Esta primeira apresentação ao grande público fez com que começasse na consolidar o seu nome como um dos mais fortes e vibrantes do mercado nacional, que representa uma parte significativa do PIB português.

Depois da passagem pelo Portugal Fashion, dezenas de outros desfiles seguiram-se até ao esperado “salto” para os mercados internacionais. A primeira apresentação das criações da marca CARLOS GIL no estrangeiro aconteceu na Semana da Moda da Polónia. Com um nome reconhecido e acarinhado a nível internacional, fazendo regularmente parte dos principais cadernos de tendências a nível mundial ao lado da Fendi e da Prada, o designer residente no Fundão esteve presente em Milão. Foi perante o olhar de críticos e alguns dos maiores especialistas internacionais que desfilou as suas  recentes criações.

Quando pensamos na marca CARLOS GIL, esta é normalmente associada a elevados níveis de qualidade. O estilista acompanha de perto todo o processo de criação e de confecção até ao momento do desfile final. Esta dedicação constante ao trabalho faz com que os seus vestidos sejam descritos como especiais, emblemáticos, únicos e inspiradores para todas os que os vestem. São as suas clientes, que o procuram há duas décadas com os mais variados pedidos, o seu maior desafio e a sua maior fonte de inspiração no processo criativo.

Inspirado pelas mulheres e pelas suas formas especiais, Carlos Gil vê Jacqueline Kennedy, antiga primeira-dama americana, como um ícone de beleza e sofisticação que representa a imagem da “mulher perfeita” do século XX. Em Portugal, foi durante dez anos o responsável pelo guarda-roupa oficial de Maria Cavaco Silva.

Em cada colecção que apresenta ao público, o estilista inova e aposta constantemente no uso de novos tecidos de elevada qualidade e estampagens que marcam uma tendência e que ajudam a marcar a beleza feminina em todas as suas formas únicas, autênticas e verdadeiras. Isto pode ser visto no mais recente desfile que protagonizou   onde apresentou as suas tendências para a próxima Primavera/Verão e Outouno Inverno. Em “Mind Games”, a sua inspiração foram as mulheres independentes que saem de manhã para trabalhar mas que de noite, mesmo no carro, mudam de roupa e aproveitam para festejar. Uma mesma mulher, dois estilos bem diferentes mas perfeitamente conjugados por uma mulher moderna, cosmopolita e que se vestem para as 24 horas do dia ao mais alto nível. Das criações apresentadas na passarela, as cinturas altas, os vestidos fluidos e o contraste de cores entre o claro e o escuro foram as principais marcas que deixaram os presentes encantados.

Reconhecido tanto pelos seus pares como pelo público geral, Carlos Gil  foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, pelo trabalho feito  tanto em Portugal como no estrangeiro, para onde viaja frequentemente.

A educação é outra das grandes paixões de Carlos Gil e como tal, quando não está focado na criação e na ascensão da sua marca, é presença frequente na ETIC, onde através do curso de Produção de Moda transmite , aos alunos toda a experiência e conhecimentos que adquiriu ao longo dos anos que anseiam fazer um percurso semelhante ao iniciado pelo estilista.

Uma das novas apostas do designer português é a linha de produtos Carlos Gil Home. Esta transporta para a sua casa os melhores aromas do Oriente graças a um conjunto de velas, sabonetes e perfumes com aromas quentes e que trazem consigo uma sofisticação e modernidade que resulta de uma troca de ideias que levam-no a fazer sempre mais e melhor já há 22 anos.

É devido a uma carreira marcada por sucessos e onde a inovação e aposta em novas tendências são uma constante que Carlos Gil é a nossa aposta para o Prémio Moda 2019/2020 da revista Eles &Elas.

PA RA B RI L H A R N A S O C A S I Õ E S E S P E C I A I S (ENTREVISTA RAFAEL FREITAS) ELES&ELAS307

A cada colecção que apresenta, Rafael Freitas reinventa-se
como criador, já que se adapta às necessidades da sociedade
e dos clientes que o procuram para terem o vestido
ideal. Todas as suas peças são personalizadas pois nelas
está espelhada a história, os receios e os sonhos daqueles
que os vão usar.
Requinte e sonho. As criações de Rafael Freitas são peças
de alta-costura que acompanham as mudanças existentes
tanto na sociedade como na mulher real. Estes são vestidos
únicos e personalizados que reflectem a história de vida e
os sonhos dos clientes que procuram o criador.
Na Maison Rafael Freitas, que se situa na central avenida da
Boavista, no Porto, os clientes são recebidos num ambiente
apalaçado onde o luxo e os brilhos Swarovski fazem com
que as criações ali criadas sobressaiam.
“Baseio-me essencialmente numa leitura da sociedade e
na percepção das suas necessidades, através da procura
de um estilo diferenciado e não vulgarizado, contrastando
a riqueza dos materiais usados, os apontamentos e aplicações
muito próprias que caracterizam a marca, o jogo de
sedução entre o brilho, cor e sombra, o apelo à originalidade
e ousadias temperadas”, explica Rafael Freitas sobre o que
caracteriza a sua marca.
“Esta é uma maison única, imponente, envolvida em requinte
e glamour. É um espaço apalaçado onde o luxo e os
brilhos Swarovski imperam”, revela o designer sobre o seu
novo espaço, um mundo de sonhos na alta-costura portuguesa
onde todos os detalhes contam.

As criações de Rafael Freitas não são simples peças de roupa,
já que todas contam uma história que vai sendo construída
ao longo do processo de confecção e que é adaptada
ao gosto do cliente.

 

VER MAIS NO ÚLTIMO NÚMERO DA ELES&ELAS JÁ NAS BANCAS.

CLÁUDIA VIEIRA A Girl Next Door Que Se Tornou Uma Estrela

 

 

Actriz e modelo, Cláudia Vieira é uma das mais conhecidas e belas mulheres portuguesas. Descontraída e com uma simpatia sem limites, quando falamos do seu nome rapidamente a associamos a produções como “Morangos com Açúcar”, “Rosa Fogo”, “Sol de Inverno”, “Alma e Coração” ou Coração de Ouro”.
Uma confessa apaixonada pela vida, a ‘cara’ da SIC é mãe de duas meninas, Maria e Caetana. A mais nova, fruto da relação com o empresário João Alves, nasceu a 01 de Dezembro.

Nascida há 41 anos, numa quinta idílica às portas de Lisboa, Cláudia Patrícia Figueira Vieira é uma das figuras nacionais mais reconhecidas e acarinhadas. Apresentadora, protagonista de várias telenovelas e campanhas publicitárias, é figura assídua na televisão portuguesa há 15 anos.
Com 1,76 de altura e lustrosos cabelos escuros, Cláudia Vieira é uma inspiração para várias mulheres, que a vêem como um exemplo a seguir.
Independente, orgulhosa, bastante feminina e segura de si mesma, estas são algumas das características que se colam a si como uma segunda pele e que a fazem destacar-se onde quer que esteja.
Ao contrário do que o espectador está habituado a ver nas passadeiras vermelhas que frequenta, e onde deslumbra em qualquer vestido com a sua beleza magnética e sorriso inconfundível, a infância da actriz esteve longe de ser glamorosa. Com mais três irmãos (dois rapazes e uma rapariga) e vários primos, subir às árvores e esfolar os joelhos eram algo de comum para a girl next door.

 

 

 

 

 

 

Livre e muito ligada a natureza, já que foi criada numa quinta de família, os figos apanhados directamente da árvore e o pão quente que a avó ia buscar logo de manhã a padaria fazem parte das memórias felizes que guarda da infância.
“O que mais falta sinto é desse contacto directo com a natureza”’ relembra Cláudia Vieira sobre o período dourado que passou na pequena freguesia de Pinheiro de Loures, lugar pacato. Os dias eram calmos e vividos entre a escola, José Afonso, o restaurante da avó na Costa da Caparica e a prática de desporto (uma das suas maiores paixões).
Livre e muito ligada a natureza, já que foi criada numa quinta de família, os figos apanhados directamente da árvore e o pão quente que a avó ia buscar logo de manhã a padaria fazem parte das memórias felizes que guarda da infância.
“O que mais falta sinto é desse contacto directo com a natureza”’ relembra Cláudia Vieira sobre o período dourado que passou na pequena freguesia de Pinheiro de Loures, lugar pacato. Os dias eram calmos e vividos entre a escola, José Afonso, o restaurante da avó na Costa da Caparica e a prática de desporto (uma das suas maiores paixões).

 

Chegada à vida adulta, a mudança para Lisboa, que ficava ali tão perto mas ao mesmo tempo tão longe, foi o próximo passo a dar. Independente desde cedo, altura em que começou a trabalhar como promotora, a entrada no mundo da moda deu-se quase por acaso. Actualmente filiada na L’Agence, Cláudia Vieira nunca viu nos trabalhos como modelo uma forma de fazer carreira mas apenas como uma forma de conseguir ganhar algum dinheiro para perseguir o caminho que já se via a seguir.
Um dos seus primeiros projectos foi uma fotonovela, onde fazia o papel de duas irmãs gémeas. Seguiram-se desfiles para a Hummel e Wella, editoriais e catálogos para várias revistas de moda, onde demonstrou um lado bastante feminino e único no panorama nacional. Devido a uma imagem única, foi eleita Mulher Triumph e ocupou o papel de embaixadora da L’Oréal Paris em Portugal.
Tudo mudou na vida da jovem actriz com o seu primeiro grande papel em televisão. Em 2004, Cláudia Vieira junta-se ao elenco da segunda temporada de “Morangos com Açúcar”. Na conhecida série juvenil, e que serviu como ‘laboratório’ para vários rostos da representação nacional, viveu o papel de Ana Luísa, uma apaixonada por motocrosse. O seu par, Simão, era interpretado por Pedro Teixeira. Foi nos corredores da antiga NBP, actualmente Plural, que este amor da ficção transportou-se para a vida real. O casal, que esteve junto durante nove anos, é pai de Maria.
Mesmo tendo começado a ‘dar cartas’ na representação de Queluz de Baixo, onde era uma das promessas do canal, Cláudia Vieira decidiu começar tudo de novo. Foi na ficção da SIC, para onde se mudou em 2008, que a actriz passou de promessa a uma certeza. Desde então, a morena de sorriso fácil tem sido presença assídua nos ecrãs dos portugueses. Foi também no canal de Carnaxide que se estreou na apresentação, em programas como: “Ídolos” e “Factor X”. Ao lado de João Manzarra protagonizou uma dupla bastante consensual e que se distinguia das restantes pelo estilo refrescante, divertido e bastante enérgico que transmitiam.

 

Um dos pontos altos da carreira de Cláudia Vieira aconteceu com a participação nos Internacional Emmys Awards, em Nova Iorque. “Rosa Fogo”, que protagonizava, e Remédio Santo” (da TVI) estiveram nomeadas para o prémio de melhor telenovela. As produções portuguesas viram esta distinção ser entregue a “O Astro”, da TV Globo.
Em 15 anos de carreira, onde teve que se reinventar para poder dar o melhor de si, deu corpo e alma a várias mulheres.
“Passar por grandes processos de transformação física e visual para as minhas personagens fez com que olhasse mais para o meu lado feminino”, afirmou a actriz sobre o processo quase camaleónico pelo qual passa para poder interpretar as suas personagens.
Cláudia Vieira já foi uma apaixonada professora de tango, uma ousada jornalista sem qualquer tipo de pudores em ir contra os poderes instituídos ou uma trapezista de circo. Sempre focada no trabalho, faz questão de fazer ela própria as cenas mais físicas. Acredita que desta forma de transmitir a intensidade necessária em cada cena. A actriz protagonizou uma queda aparatosa nas gravações da novela “Alma e Coração”, onde contracenava com José Fidalgo. Devido a esta queda do trapézio partiu uma costela mas nem a dor física consegue parar a popular figura que em tudo vê um lado positivo.
Muito ligada a causas sociais e ao que a rodeia, a actriz é madrinha da Casa da Palmeira. Este é um centro de acolhimento temporário para crianças em risco com idades até aos 12 anos e que está sedeado em Loures, cidade que a viu nascer.
Reservada no que toca a vida pessoal, é junto dos mais próximos que gosta de estar e é neles que ganha forças para abraçar novas aventuras. “Tenho tido grandes desafios, coisas que a vida me coloca pela frente, e agarro-os sempre!”
Um dos sonhos que pretende ver realizados é a abertura de um turismo rural sustentável, de respeito pela natureza. O mesmo respeito que lhe foi incutido desde criança e que ajudou a moldar a mulher em que se tornou e que não se conforma com o que o destino tem reservado, preferindo ‘arregaçar’ as mangas e lutar por aquilo que acredita.

 

Prémios Femina 6 Notáveis recebem Prémio Fémina 2018

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Segundo João Micael, Presidente da Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do conhecimento, este prémio, inspirado na Infanta Dona Maria de Portugal, última descendente de Dom Manuel I, digna representante da Era de Ouro de Portugal e Grande Mecenas das Artes e Ciencias, é a Patrona desta associação que juntamente com a Comissão de Honra agracia as mais notáveis Mulheres portuguesas e lusófonas que tenham contribuído para o prestígio de Portugal e da No espaço Aura Lisboa foram agraciadas: Conceição Zagalo, Vereadora da Câmara Municipal
de Lisboa e presidente da GRACE-Grupo de Reflexão e apoio á Cidadania Empresarial recebeu o Prémio Honra;
Mayra Andrade, Cabo Verdiana, chegou de Paris para receber o Prémio Mérito nas Artes e Letras;
Maria de Jesus Trovoada, Ministra da Saúde em São Tomé e Príncipe, recebeu o Prémio Mérito nas Ciências;
Susana Damasceno, por seus atos Humanitários em prol da dignidade e direitos humanos , recebeu o Prémio Mérito Excelência;
Helena Carvalho Pereira, pelo estudo e Divulgação da Cultura e História da Matriz Portuguesa no Estrangeiro e Lusofonia recebe o Prémio Mérito Património Baronesa Antoinette de Lukás, húngara, recebe o Prémio de categoria excecional para mulheres de nacionalidades extra portuguesa e extra lusófona, pelo contributo e seu exemplo em obras de conduta e estudo, a todas as Mulheres do mundo. Mérito Ad Femina Mundo. Estas Mulheres, com currículos de enorme relevo que encheriam mais páginas do que todas as desta revista, como por exemplo Conceição Zagalo que foi distinguida pela Amnistia Internacional, juntamente com 25 Mulheres de todo o mundo etc. ou Mayra Andrade que venceu o prémio BBC Rádio ou a World Music em revelação, Medalha de Ouro nos jogos da francofonia, no Canadá. Colaborando em duetos com Cesária Évora, Chico Buarque e num álbum de Charles Aznavour… etc. e Maria de Jesus Trovoada que para além de Ministra é investigadora em diversos projetos de investigação na área da genética, tendo sido em 2010 uma das 10 cientistas selecionadas para constar do livro ”Vidas a descobrir: Mulheres Cientistas do Mundo Lusófono” etc… ou Susana Damasceno que fundando há 12 anos a AIDGLOBAL que propõe tornar possível que todas as crianças portuguesas e moçambicanas tenham acesso á educação e aos livros… passando á superano Helena de Carvalho Pereira que, sendo Vice-presidente do Sintra Estúdio de Ópera, aposta na divulgação e reabilitação do bom nome dos compositores esquecidos e arquivados nas principais bibliotecas de música portuguesas.
A Eles&Elas dá os parabéns ás agraciadas e ao impulsionador do acontecimento, João Micael, presidente da Matriz Portuguesa.

Eles&Elas305- Fátima Lopes

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Revolução no mundo dos estereótipos de medidas na moda.

Numa altura em que se exige o direito à diferença e a indústria da moda internacional começa a estar recetiva à diversidade de corpos e medidas,
Fátima Lopes apresenta pela primeira vez em Portugal, uma manequim CURVY.
Inspirada pela sua natureza profunda, a do seu signo astrológico “Peixes”, criou uma estética original que combina elegância, sensibilidade e sensualidade.
A Mulher peixes é intuitiva, extremamente criativa e sedutora, e assim, a criadora imaginou uma coleção hipnótica e sensual, embalada por cores e formas cativantes e cintilantes, subtilmente refinadas e reminiscentes da magia do mundo aquático.
Escamas de peixe em pailletes, bolhas de água em padrões de seda, ondas do mar em mousselines de seda drapeadas e entrelaçadas ou em variações de rendas recortadas e preciosas. A coleção pretende valorizar o corpo feminino, desde os triquinis aos vestidos de noite ultra sofisticados, passando pelos Tailheurs e uma grande diversidade de vestidos. As linhas são femininas, poéticas e misteriosas, num jogo gráfico e geométrico de modernidade.
As misturas de materiais são uma constante, entre padrões em viscoses, sedas com rendas, opaco e transparências subtis, embalados pela harmonia e romance das cores de jade, limão, rosas, vermelhos, azuis, nude, branco e preto.

Eles&Elas305- Teresa Martins foi Sucesso!

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A personalidade eclética de Teresa Martins tem-na levado a múltiplos interesses que vão desde a pintura, à Moda e Decoração, mas a sua atual paixão é a TMCollection uma marca de moda, que inclui para além do vestir, a criação de acessórios de bijouteria, malas, carteiras e bolsas, preocupando-se com produtos e tecidos naturais de cores orientais sempre embelezados pela sua arte criativa. Teresa fez espetáculo com as danças que colocou no palco do Portugal Fashion atirando pétalas de rosa em belos bailados asiáticos. O estilo hippie do seu pensamento encheu a assistência de alegria e palmas. Parabéns Teresa

Eles&Elas305- Storytailors

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STORYTAILORS

JOÃO BRANCO O PRECURSOR IRREVERENTE E CRIATIVO CONTADOR DE HISTÓRIAS

Querido João,
Foi há 11 anos que, com o Luís, recebeste o Prémio Revelação Moda naquela grande festa que comemorava o 26º aniversário desta ELES&ELAS Lifestyle.
Como esperava, o vosso Storytailors, foi percorrendo o caminho do sucesso muito merecido que sabemos o Luis Sanchez vai continuar por este nosso país e além fronteiras, com a grande inspiração que nunca lhe faltou. Este ano vesti um exclusivo lindíssimo que criaram para mim e que fez enorme sucesso, na Festa do 37º Aniversário das revistas que dirijo. Há pouco tempo cozinhaste para nós aquele maravilhoso risotto …e muito conversamos. Neste número a Clara Pinto Correia é capa com a vossa obra conforme estava acordado!
A revista transcreve e dedica-te a entrevista que vos fizemos há 11 anos no dia daquele belo aniversário quando eras ainda uma grande promessa e onde todos sorrimos juntos.

Como é que tudo começou. Quem são os Storytailors?
Luís – Tudo começou na Faculdade de Arquitectura, no curso de Design de Moda, éramos da mesma turma e funcionávamos muito bem em grupo.
No terceiro ano, começámos a desenvolver algumas ideias em conjunto e no quarto ano criámos um projecto em comum. Com o passar do tempo, começámos a desenvolver uma espécie de reacção àquilo que é o sistema de moda, que é acima de tudo um sistema muito comercial. A nossa ideia era subverter o sistema, queríamos mudar as coisas.De onde surge essa reacção ao convencional? Essa vontade de quebrar com os padrões tão patente no trabalho que desenvolvem?
Luís – Tem haver com o nosso conceito de estética, que vai contra aquilo que se está a viver: o minimalismo. Um dos grandes e graves problemas dos cursos que dizem respeito à moda é que os professores são muito tendenciosos, ou seja, se estiver a viver um período em que está na moda determinado conceito, os alunos têm de se reger por esse mesmo conceito, em vez de se promover a criatividade e o desenvolvimento de uma linguagem estética própria. Os alunos são muito limitados na criação da sua noção de estética.
João – É revoltante este sistema de ensino. Há pessoas com imenso talento, com ideias fantásticas que acabam por desistir porque não criam resistências a esse mesmo sistema, que teima em agir de forma incorrecta, castrando a criatividade. E foi neste meio que começámos a ser reaccionários e que se criou a Storytailors.

Como surgiu o nome Storytailors?
João – Sempre tivemos consciência de que o factor comunicação iria ter um grande relevo no projecto, porque ao ritmo a que a sociedade vive e respira, quando se depara com uma iniciativa nova, tem de fazer uma associação quase que imediata com aquilo com que se encontra, para se sentir interessada. Nós assistimos a um boom de criadores, e na década de oitenta começaram a aparecer os criadores vedeta, ou seja, brilhavam mais do que o próprio trabalho que desenvolviam. O nosso projecto não passa por aí. Nós não queremos ser criadores vedeta; nunca quisemos vender o produto passando por nós e também não queríamos ser mais dois nomes no mercado. Queríamos que a designação do próprio projecto tivesse uma componente criativa de criador, mas, por outro lado, que fosse uma palavra conceito, ou seja, o projecto deveria ser válido por si e comunicar-se a si
próprio, daí a palavra Storytailors. Depois, teve a ver com dois aspectos que eram intrínsecos ao projecto, primeiro, pelo aspecto quase artesanal da construção de peças de vestuário, associado à palavra tailors, que é a designação que melhor comunica esta vertente técnica. E em segundo lugar, pela existência de uma história, que basicamente é qualquer relato metafórico, que é sempre alvo de grandes pesquisas. Daí este nome e esta designação. Com esta pesquisa, o que nós queríamos era criar um projecto que fosse suficientemente interactivo, para não só interagir com o consumidor, mas para interagir com outras áreas artísticas. A Storytailors não é só um projecto de criador, onde este é magnânimo e faz tudo, nós queríamos promover uma fusão de energias com o processo criativo, com os briefings iniciais, com centenas de temas… despoletar, também, noutras pessoas de outras áreas profissionais adjacentes à nossa, um tal interesse, que de alguma forma fizesse com que estas interagissem com o nosso projecto.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                São reaccionários em tudo na vida? O vosso trabalho é, no fundo, o espelho de tudo aquilo que vocês são?                                                                    João – Nós somos pessoas de contrastes. Acho que tem haver com os nossos signos… são elementos opostos, por isso temos uma postura muito agri-doce, no que diz respeito à vida pessoal e profissional. Somos muito analistas e auto-criticos. Somos, acima de tudo, muito particulares, temos opiniões muito próprias, e a nossa vida e o nosso tempo é o projecto Storytailors e é provável que durante os próximos cinco anos seja assim. Sobra-nos muito pouco tempo para o lazer. A dedicação é o segredo para o sucesso de um projecto. E nós dedicamo-nos a cem por cento.

está bem definido?
Luís – Sim, o mais possível. O João dedica-se mais aos desenhos e eu funciono quase como um director de arte.
João – Nós sabemos quais são os nossos pontos fortes e como tal não vemos qualquer impedimento à intervenção de outras pessoas, para além disso nós discutimos ideias, não as sobrepomos umas às outras. Eu tenho uma facilidade muito grande em criar ligações temáticas, em ver numa  perspectiva tridimensional, em desenhar e em criar histórias. O projecto tira proveito destas capacidades, obviamente. O Luís é uma pessoas extremamente minuciosa, muito perfeccionista, que tem uma visualização brutal para processos de confecção e de acabamentos, para além disso, é muito mais prático do que eu. As capacidades dos dois complementam-se. As colecções Storytailors são alusões a histórias, à fantasia… são quase como que um motor para a imaginação…
João – Tem a ver com o desenvolvimento do sistema criativo que nós utilizamos, que é: vamos criando e semeando ideias que podem ou não advir de uma pesquisa histórica. As referências históricas que nós utilizamos no processo de desenvolvimento de ideias é, no fundo, um assumir dessa pesquisa fundamental para o desenvolvimento do nosso trabalho. Somos apaixonados pelo imaginário, pelo misterioso mundo da fantasia, por tudo o que foge aos padrões reais. Temos uma história que apelidamos de “Rainha das Rosas” da colecção Outono/ Inverno 2004/2005, que é uma mistura um pouco surreal da Alice no País das Maravilhas com a história da Rainha Santa Isabel. A nós não nos interessam contos de fadas adulterados, tal como existem hoje em dia, interessa–nos o conceito de uma metáfora ou de um relato metafórico, que são as histórias. Ou seja, tudo o que serve como espelho da sociedade, utilizando uma linguagem metafórica, é alvo de interesse e de pesquisa. Quando entrei no mundo da moda, quando escolhi este meio como opção de vida, entrei sem preconceitos rigorosamente nenhuns em relação ao meio e a tudo o que o envolvia. Não conhecia nem me interessava por marcas…e adorei o que se podia fazer em moda, o que é que o vestuário poderia ser, de que forma é que o poderia
trabalhar. Adorei a forma como volumetricamente se constrói o vestuário, o que este pode representar a nível libertador o que pode representar para quem o veste. Ao nível da psicologia do vestir, funciona quase como uma espécie de cura. Hoje em dia as pessoas têm vidas extremamente
violentas e precisam de tudo o que as rodeia para se defenderem e sentirem-se melhor consigo próprias, e o vestuário deve ser uma ferramenta para isso. Luís – A fantasia é tudo aquilo com que não nos cruzamos no dia-a-dia, é um escape. Acho que vivemos numa sociedade que precisa de ter um maior contacto com o fantástico, com o imaginário, com tudo o que nos eleva a um patamar mais puro, talvez um pouco naíve.

Como nasce uma criação Storytailors?
João – Nasce muito espontaneamente, ou seja, estamos a trabalhar uma colecção e já estamos a ter ideias para a próxima. Por vezes tudo começa numa conversa de café.
Luís – Temos muita consciência relativamente à sociedade actual, estamos sempre atentos ao que se passa à nossa volta, vamos reunindo elementos, começam a surgir ideias… fazemos esboços que vão despertando caminhos, e depois sim, sentamo-nos e delineamos ideias, às vezes são quatro, outras vinte, mas felizmente multiplicam-se sempre. Ao contrário do que se possa pensar, não temos um tema, temos um argumento. Num argumento tudo é mais flexível, e nós somos flexíveis no que diz respeito ao nosso processo de criação.

Inspiraram-se em alguns criadores?                                                                                                                                                                                  João – A Storytailors foi a conclusão que nós tiramos dos anos de formação, de tudo aquilo com que concordávamos e tudo com o que não concordávamos. Para darmos andamento a uma ideia, existem uma série de pressupostos que têm de se ter em conta. Temos de parar e observar primeiro, analisar o que está feito, o que se está a viver, porque é que se está a viver neste momento, o que é que se conclui, e a partir daí, o que é que se pode criar de novo. No início deste projecto tomámos contacto com uma série de criadores que libertaram muito a moda em vários aspectos relacionados com a fantasia e o imaginário. Havia o Christian Lacroix e o Jean-Paul Gaultier na década de oitenta, mais tarde veio o Galliano e o McQueen, e nós estávamos a assistir a tudo isto. Em paralelo a escola de moda belga estava a afirmar-se com um tipo de filosofia estética e de moda diferente, e a Bélgica foi um país que soube tirar muito partido e valorizar a moda belga. A ideia do minimal e do conceptualismo nasceu um bocado dessa escola. Nós, enquanto Storytailors defendemos um conceito e um projecto de raiz totalmente inovador, mas é óbvio que valorizamos e apreciamos o trabalho de outros criadores.

O facto de vocês aparecerem no mercado com um conceito diferente e inovador criou algumas resistência por parte do grande público?
João – Nós temos um projecto activo e agressivo, é uma espécie de terrorismo doce, nós optámos por trabalhar com a cor, com formas às vezes quase arquitectónicas, que esteticamente são muito fortes, e as pessoas para se defenderem, por vezes reagem atacando.
Luís – Utilizamos a cor como algo terapêutico, como meio de comunicação de uma ideia concreta. Nós queremos despertar emoções. Tocar as pessoas com o nosso trabalho. Queremos gerar uma reacções. As cores dizem muito sobre a nossa personalidade.

Hoje em dia ainda faz sentido falar em tendências da moda?
João – A tendência de moda foi uma estratégia de marketing que fazia sentido, e fez sentido ser criada e desenvolvida, mas que nos dias que correm
está obsoleta.
Luís – Hoje em dia não existe uma tendência, existem dez ou mais. O leque de escolha é imenso e penso que a tendência é uma questão de estética
e que cada vez mais se dissocia da peça de vestuário. Tudo acaba por entrar em contradição. Acho que cada pessoa deve vestir aquilo com que se sente bem. É isso que nós promovemos: o bem estar, a felicidade de cada pessoa que veste uma peça Storytailors; pretendemos fazer com que todo o processo seja uma experiência diferente, única.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Estão a pensar apostar no estrangeiro?
João – O próprio facto do nome do projecto ser inglês visava a comunicação internacional. É a língua mais universal. Nós sempre tivemos consciência que dada a necessidade e exigência criativa do projecto, este seria sempre sinónimo de investimento e nós não queríamos que o projecto fosse um parasita do sistema, e um parasita do sistema seria um projecto meramente criativo que nunca seria autónomo para se financiar. E este é sem dúvida um projecto muito exigente a nível financeiro, requer um investimento imenso. E a única forma disto ser possível era o projecto situar-se no mercado nacional. Mas sim, queremos dar a conhecer o projecto lá fora.
Luís – Também é um enorme desafio tentar mudar as coisas por aqui. Nós aqui tivemos hipótese de criar em Portugal imagens e trabalhos que lá fora nunca teríamos oportunidade de fazer, porque estamos a falar de mercados que se encontram numa outra fase evolutiva em que tudo é muito mais difícil e dispendioso. Penso que em Portugal as pessoas que poderão colaborar connosco estão muito mais receptivas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Se criassem um personagem baseado num conto, que vos representasse a vocês próprios, qual seria?                                                                        João – Ás vezes penso nisso…só me consigo lembrar do coelho da Alice no País das Maravilhas, sempre a olhar para o relógio e a dizer que está atrasado para tudo. Por vezes falta-me tempo.
Luís – Seria sem dúvida uma personagem de Tim Burton. São românticas, misteriosas e têm um sentido de humor por vezes um bocado mórbido. Acho que me identificaria.
O que levariam para o “país das fadas”?
Luís – Levaria o mar. Tendo em conta que não conheço o país das fadas, e que poderia não haver mar… faz-me bem, tem um efeito relaxante… não conseguiria viver sem mar.
João – Levaria uma garrafa de oxigénio. Afinal, não conheço nem faço ideia onde seja o país das fadas.
Falem-me de projectos futuros…
João – Estamos a recriar o ambiente e o espaço Storytailors. Nós queremos ter condições privilegiadas para receber as pessoas que procuram Storytailors, queremos proporcionar-lhes uma experiência única, queremos mimá-las, queremos que se sintam especiais.
Luís – Este espaço vai permitir-nos dar outras condições a uma série de pessoas, vai permitirnos dar a conhecer o projecto e a sua essência.

Eles&ELAS 305- CLARA PINTO CORREIA

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Parece mentira, mas a Clara nunca se deu ao trabalho de finjir que estava tudo bem num país que insiste em comportar-se como se ela já tivesse morrido: muito pelo contrário, riu-se, riu-se, riu-se. E explicou-nos, sem qualquer espécie de embaraço, que precisava mesmo de rir para não enlouquecer de dor numa Pátria tão madrasta como esta. Depois foi-se embora porque ou estava a horas não sei onde ou acontecia não sei quê, e nós nem queríamos acreditar: deixou um sapatinho de cristal atrás de si.

Sempre adorei aquele sorriso dela. O sorriso do gato que acabou de engolir o canário, ali mesmo, frente à câmara ou frente às outras pessoas. Agora fiquei a saber que ela de vez em quando também se ri às gargalhadas de uma forma absolutamente contagiante. E que se recusa a falar de todos os males que os Portugueses lhe fizeram porque “não temos propriamente a imortalidade à nossa frente e a construção de um futuro feliz não pode fundamentar-se em coisas dessas.” Outra coisa que se percebe depressa é que ela não fala como o comum dos mortais, e que todas as analogias que vai buscar para se explicar melhor, por inexplicavelmente cultas que sejam, são também divertidíssimas. Aos sessenta anos, avó orgulhosa de quatro netos, sempre com aquele estilo feliz que lhe assenta como uma luva e que também mais ninguém tem mas ilumina a alma a qualquer um, Clara Pinto Correia publicou internacionalmente FEAR, WONDER, AND SCIENCE, um livro importantíssimo sobe a Reprodução Medicamente Assistida em colaboração com o grande mestre Scott Gilbert, e já lançou em Lisboa o primeiro dos três romances que em conjunto formam a trilogia A TIRANIA DA DISTÂNCIA, intitulado TODOS OS CAMINHOS. Este romance recebeu em Março deste ano, no Porto, o Prémio Mulher Empreendedora 2017 para o domínio da literatura.

SE O LEITOR NÃO SABIA DE NADA DISTO E ATÉ JÁ TINHA DADO ESTA PESSOA POR MORTA, SOSSEGUE QUE NÃO ESTÁ SOZINHO.

Pouco tempo depois, e na sequência da visita dos dois autores àquele país a pedido de várias Universidades, o Japão anunciou a compra do FEAR AND WONDER para tradução e publicação em 2020, quando estiver toda a gente nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O próximo volume de A TIRANIA DA DISTÂNCIA sai no início da próxima Primavera, chama-se MENINAS MORENAS, e Clara não esconde que lhe tem um especial carinho. Se o leitor não sabia de nada disto e até já tinha dado esta pessoa por morta, sossegue que não está sozinho. Na realidade, como diz a própria Clara com o sorriso malicioso que nem os anos nem os desgostos conseguiram tirar-lhe, “isto é de facto muito estranho, mas a verdade é que eu ando para aqui a viver como se já estivesse morta.” De jeans e top justinhos a escritora parece tudo menos morta, embora nos fale com a alegria de quem nunca passou na vida por qualquer espécie de mágoa ou de aflição. Mas afinal, pensando bem, nada é novo neste desenlace: Clara Pinto Correia sempre foi um mistério. Eu sou daqueles Portugueses que sempre consideraram a Clara um mistério muito bom, e portanto até poderia, aqui ou ali, perder a neutralidade que procuro sempre manter nestas conversas. Mas ela não me deixa. Está o tempo todo a brincar com as ideias-feitas sobre a sua própria imagem, e fala dos tempos duros que se abateram sobre si a partir de 2004, e pior ainda depois de 2010, com a alegria diabólica que repete
várias vezes ser a sua melhor arma de defesa. “Se eu não fosse capaz de rir na face das minhas desgraças, já tinha enloquecido há muito tempo”, afirma. Mordisca a unha do polegar, e acrescenta, pensativa: “E, nesse caso, é evidente que já estava mesmo, literalmente, completamente morta”. Ainda bem que está bem viva, e que reaparece cheia de energia e de ideias, e com uma grande trilogia sobre a resiliência do amor e a tirania da
distância, ao fim de sete anos de silêncio. Estive a trabalhar nos Estados Unidos e fartei-me de escrever em inglês. É só mesmo escrever no Google FEAR, WONDER, and SCIENCE, aceder ao livro, e ler o meu trabalho para se perceber que não estive parada de todo. Além disso também estive a dar aulas, a alunos porreiríssimos que puxavam tanto por mim como eu por eles. Foi bom, muito bom.

VIVO DE CERRAR OS DENTES ETRABALHAR IMENSO, E DE INVESTIRO MEU MELHOR EM TUDO O QUE FAÇO.

Portanto, posso escrever com toda a certeza que não pensou nunca no suicídio?
Ó Srª Drª Maria da Luz de Bragança, muito bem, leve lá a taça – a isto é que se chama entrar a matar! (gargalhada). Sei lá, claro que pensei, mas era
uma coisa difusa, mais em benefício dos miúdos, que ainda por cima na altura estavam em plena adolescência e andavam, mesmo, extremamente
confusos.
Agora está a dizer-me que a sua morte ia ser um factor positivo para dois rapazes adolescentes?
Não, Maria, agora estou a falar a sério. Detesto teatrinhos. De repente fiquei sem qualquer espécie de trabalho e tive que pedir ajuda a toda a gente
em que ainda confiava. E vivia numa aldeiazinha muito isolada. E, à noite, às vezes pensava o óbvio. Claro que, se eu morresse, a esta hora já andava toda a gente a dizer que eu sou uma figura incontornável da segunda metade do século XX. Veja bem isto, é espantoso o que um autor tem que fazer para vender, né? (risos) E olhe que os meus putos, quando eram pequeninos, às vezes me perguntavam se era mesmo verdade que iam ficar muito ricos quando eu morresse. Foi alguém que lhes disse isso na escola. Bom, ó amiga, estas mitologias dos autores que morrem na mais completa das misérias e são descobertos cem anos depois, estas tristezas trágicas, estes fados sem regresso, não me diga que não sabe que calam sempre muito fundo no espírito portugês. As pessoas gostam. O Camões morreu na miséria, o Camilo morreu na miséria, o Pessanha morreu na miséria, o Pessoa, o Luís Pacheco… Epá, afastem de mim esse cálice. Ainda quero fazer muitas coisas, e ser muito feliz, durante imensos anos.

Mas vive do ar?
Vivo de cerrar os dentes e trabalhar imenso, e de investir o meu melhor em tudo o que faço. Além disso, tenho uma família maravilhosa, que me tem
ajudado o tempo todo desde que voltei da América e descobri em dois ou três meses que ninguém queria, mesmo, dar-me trabalho. E sabe quem
mais é que me ajuda? Pequenas mercearias, lojas de conveniência, sítios pequeninos com coisas para a casa, o café da esquina, o meu senhorio
que tem uma paciência de santo… essas pessoas, que também não têm, elas próprias, muito dinheiro. E disto eu gosto, também. Sinto-me imensamente protegida no meu bairro.

E onde fica exactamente o seu bairro?
Num sítio que ainda é bairro, e que ainda não foi tomado de assalto pelos estrangeiros. Isto dos estrangeiros até me arrepia.

Agora não podemos falar disso. Temos mesmo que passar à entrevista formal.                                                                                                              Vamos a isso. Ó jeitoso, trazes-me outra Água das Pedras com muito gelo e um bocadinho de limão?
E é nesta altura que suspende a sua atitude de brincadeira na face da desgraça, acende um cigarro, e me olha nos olhos com toda a intensidade. Não sou homem. Mas percebi, numa fracção de segundo, por que é que tantos homens se apaixonaram tão perdidamente por estes olhos.

SE EU NÃO FOSSE CAPAZ DE RIR NA FACE DAS MINHAS DESGRAÇAS, JÁ TINHA ENLOQUECIDO HÁ MUITO TEMPO.

Vamos lá ver. Eu defendo que todos estes mal entendidos que a rodearam nos últimos dez anos têm uma raiz comum. Já ouvi dizer tudo e mais
alguma coisa a seu respeito. Gosto da sua escrita. Já ouvi pessoas que juram que é um génio. Também ouvi dizer que uma pessoa que se divide
tanto em tantas actividades não pode ser boa em nada. Há quem a felicite por ter partido completamente sozinha para a América, para ir estudar, trabalhar, publicar, e até casar em Las Vegas. Há quem diga que tudo isso foi um oportunismo descarado. Ou seja, nunca se percebe com clareza
quem é, realmente, a Clara Pinto Correia. E a Clara, sabe quem é?                                                                                                                                    Oh, Maria, em pouquíssimas palavras claro que sei. É que essa é muito fácil. Ao fim de sessenta anos de grande esforço de estudo e formação, outros tantos de criatividade, e mais outros tantos de serviço ao país, a Clara Pinto Correia… (começa sorrir)… então, a Clara Pinto Correia é uma gaja que fez um plágio e teve um orgasmo! (solta mais uma gargalhada) E isto só funciona em toda a sua dimensão trágica se for dito assim mesmo, “é uma gaja”. É ou não é? Dá para medir muito bem, com todo o poder que isto comporta, o quanto as pessoas são mesmo tinhosas. Ti-nho-sas. Adoro esta palavra. E é maravilhosamente adequada.

Mas essa caracterização não a magoa?
Mas a Maria julga que eu sou Jesus? Oiça, claro que magoa! Sobretudo porque tem desencadeado uma luta sem quartel para me impedir de existir, o
que quer dizer que, por muito que eu saiba todas as coisas que sei, e tenha todos os talentos que tenho, quase dois anos depois do meu regresso
sinto-me, ainda, um desperdício com pernas. Mas o que é que eu vou fazer, ficar no meu cantinho esmagada pela minha mágoa? Isso é que era bom. Prefiro levar a minha neta ao Jardim Zoológico e contar-lhe algumas coisas especiais que eu sei sobre o pescoço das girafas. Gosto de andar por aqui. Gosto de ver a forma como o tempo se vai mudando nas coisas quotidianas e acaba por gerar outro tempo. Gosto de pensar que ainda sou do tempo das máquinas de escrever, ou do tempo das aulas de Biologia no Colégio dos Nobres. E os valores que regiam os equilíbrios de forças quando eu comecei a viver por minha conta, aos dezassete anos, são tão radicalmente diferentes de novos valores que se estão a desenhar agora que eu, por mim, estou cheia de curiosidade.

A Clara continua realmente com aquele arzinho de miúda malcriada que sempre a caracterizou, e é mesmo difícil acreditar que já tem mesmo sessenta anos. Mas, de qualquer forma, não tem medo da velhice?                                                                                                                                  Não, de todo. E olhe que as aparências iludem. Eu podia ter um arzinho de miúda, podia parecer uma bomba sexy sempre armada em boa, mas os meus trinta e quarenta anos foram décadas extremamente pesadas para mim, em parte porque nessa idade ainda não gerimos assim muito bem as nossas emoções. Agora é um alívio enorme sentir esse peso a sair-me cada vez mais de cima dos ombros. Com toda a sageza e toda a capacidade
de visão global que vamos desenvolvendo com os anos, sinto-me transportada através de um longo período de aprendizagem que não podia ser mais emocionante. Aliás, foi uma das minhas grandes preocupações quando escrevi estes três livros: os amantes que desempenham o papel central já dobraram há tempos o marco dos cinquenta, e divertem-se perdidamente um com o outro. Um tipo de divertimento simples, leve, descomprometido, e muito generoso, que está fora de causa conseguirmos fruir na nossa juventude. Nesse sentido, esta história de amor e de separação involuntária é também uma promessa. Não tenham medo. Tá-se bem.

Até aquele triângulo amoroso que se renova de seis em seis meses em todos os romances da trilogia, aquele filho adoptivo que está do outro lado
do mundo, tudo isso é tratado com muito carinho pelos três participantes, não é?
Pois, por uma vez na vida que alguém deixe bem claro que as coisas não precisam de ser todas um drama muito feio e terrivelmente mal-sucedido.
E, a propósito, claro que considero que não é todo aquele divertimento do triângulo amoroso que menoriza o meu trabalho, ou lhe rouba a sua seriedade intelectual. Muito pelo contrário. É muito mais fácil fazer chorar do que fazer rir. E, como o homem é alentejano, conta a história à mulher de uma forma tão surreal que toda a gente se parte a rir. E eu fico contente, como é óbvio. Mas nem isso os videirinhos portugueses conseguem admitir. Às vezes as pessoas vêm ter comigo a dizer que gostaram muito do livro, e depois hesitam, coram, baixam a voz – tudo isto para me confidenciarem que se “divertiram imenso” a lê-lo. Como se o riso fosse crime. Coitados de tantos autores geniais. Sei lá, estás a ver o Voltaire? Ah, e o Kiping, estás a ver o Kipling? Bem, ouve, e as aquelas cenas de cama completamente disfuncionais do John Updike na tetralogia do Rabbit? Aquele entusiasmo todo que a arrastou para o tratamento por tu é impossível de ignorar.

POIS, POR UMA VEZ NA VIDA QUE ALGUÉM DEIXE BEM CLARO QUE AS COISAS NÃO PRECISAM DE SER TODAS UM DRAMA MUITO FEIO E TERRIVELMENTE MAL-SUCEDIDO.

Os teus leitores têm-te dito mais coisas que tu consideras interessantes?
Curiosamente, quem vem falar comigo são quase sempre as leitoras. E é só quando conseguem ficar sozinhas comigo, nem que seja na casa de banho. Talvez tenha escrito uma saga muito mais feminina, ou até mesmo feminista, do que aquela que tive em mente ao princípio. A escrita empurra-nos frequentamente para os seus próprios domínios pelos seus próprios meios, e se a pessoa gostar do sítio onde foi parar começa instintivamente a alimentá-lo com situações que não estavam no programa original mas são boas de construir como tudo. É o grande mistério da arte, não é? Eu gosto disto. Gosto daquilo que nenhum de nós pode explicar de onde vem, e posso ficar horas e horas seguidas no teclado para deixar fluir sem qualquer espécie de censura todas as situações desconhecidas do meu mundo interior.

Está bem, mas então vocês trancam-se na casa de banho, e nessa altura o que é que te dizem as leitoras?
Ah, essa é a minha melhor recompensa pelo esforço destas setecentas páginas que à primeira volta saíram de rajada. As mulheres perguntam-me, às vezes mesmo com um ar incrédulo, “mas quem é que lhe contou a história da minha vida, para depois conseguir reproduzi-la assim desta maneira?”; ou então “nunca me identifiquei tanto com nenhum outro livro tenha lido na vida.” (bate com o punho no meu punho, de sorriso luminoso) Yes! De cada vez que isto acontece, consegui o que queria: escrever um livro de aventuras que retrata a vida, e sobretudo os pensamentos, das pessoas normais. E a vida pode ser dura, pode ser horrível, pode ser extraordinariamente cruel, mas por favor, a vida é linda. E há sempre circunstâncias que nos recordam isso mesmo. Todos os dias.

No caso destes dois, grande parte da energia parece que lhe vem do amor.
Ai, filha, a vida sem amor não se atura. Não se atura, mesmo. Não achas?

Tu, pessoalmente, aqui e agora aos sessenta nos estás apaixonada?
Por acaso estou. Mas, e se não estivesse? O amor dos filhos, o amor dos netos, em desespero de causa vai-se buscar um cão…

Mas Clara, esta história de amor deve ser muito a tua. É verdade, à medida que lemos o livro vai-nos parecendo cada vez mais um livro de memórias…
Pois é. No seu conjunto, a Trilogia é mesmo um livro de memórias, e cada romance vai contando mais, e mais fundo, e mais complexo. Só que não
são as memórias de ninguém que exista! (risos) Eu inveitei aquela mulher, com aquelas memórias inventadas! Não foi nada fácil de fazer, deu muita
luta, fiz muitas vezes directas só por causa de duas páginas que não estavam a sair no tom certo, mas fez-me muito feliz. E, se as pessoas se reconhecem nele, isso também as faz felizes de certeza. Há poucas coisas tão balsâmicas como descobrirmos que não, de maneira nenhuma, não estamos sozinhos neste mundo.

A TRILOGIA É MESMO UM LIVRO DE MEMÓRIAS, E CADA ROMANCE VAI CONTANDO MAIS, E MAIS FUNDO, E MAIS COMPLEXO.

E, entretanto, também estavas a escrever o FEAR, WONDER, AND SCIENCE?
Ao princípio, sim. Aliás, pior do que isso, o livro estava naquela fase muito difícil em que temos que incorporar no trabalho que já fizemos as exigências dos peritos que o avaliaram. Costumam ser só dois, mas nós tivemos tres! O tema é explosivo, a Columbia tomou imensas precauções, e para fazermos o que queríamos precisámos de imensa criatividade por cima de todo o conhecimento de causa que já tínhamos. Passava horas com o Scott no Skype, e ainda mais horas em total silêncio, de roda dos meus capítulos. Só parava quando ouvia cantar os passarinhos e percebia que o dia estava quase a nascer. Tinha estado a trabalhar a noite inteira sem dar por isso. E isto aconteceu tantas vezes, tantas vezes, tantas vezes, que os meus médicos começaram a ficar preocupados. A sério.

TEMOS QUE ACEITAR QUE NA NOSSA VIDA NUNCA EXISTIRÁ AQUELA EXPERIÊNCIA LINDA DA GRAVIDEZ, E SOBRETUDO NUNCA
EXISTIRÃO OS FILHOS COM QUEM NÓS SONHÁVAMOS DESDE HÁ TANTO TEMPO.

Escreves ciência tão apaixonadamente como escreves ficção, é isso?
Claro que sim! E da maneira como dou aulas, também (sorriso do gato) Imagina que um aluninho veio ao gabinete perguntar-me, “Please, Clara, I really need an A, so please, this means my life, what are you on and where do you get it?” (o sorriso desaparece) É horrível o ensino estar estruturado de tal maneira que, desde o primeiro ano, os alunos estão mais interessados nas notas do que nas matérias. Ao ponto de os alunos virem perguntar-nos o que é que andamos a tomar e onde é que se arranja. Que horror.

E tu andaste a vida inteira a tomar o quê, com toda a franqueza?
Adrenalina. Pura adrenalina, de adorar o que faço. Dar aulas, então, é um banho daquilo. E depois, encharcada de adrenalina que obviamente não tinha ido comprar a lado nenhum, fechava a porta e voltava ao livro. Já escrevi livros académidos internacionais antes. Mas, desta vez, eu estava a falar sobre todo aquele mundo das inseminações artificiais, das mães hospedeiras, das fertilizações in vitro, do turismo reprodutivo… e tudo isto põe tantos pilares da humanidade em causa, e como tal precisa mesmo de ser tão bem explicado às pessoas, que é impossível não escrever num tom “pungente”. Era o que o Scott dizia das minhas partes, e eu subscrevo com muito orgulho. Estou tão cansada de ir falar a tantos encontros sobre a infertilidade no humano, e de a partir de certa altura ver as mulheres a começarem a chorar, a pedirem para falar mais tempo comigo, a abraçarem- se a mim no final e pedirem-me o endereço de email, que sinto esta faceta da minha escrita quase como uma missão.

NÃO ADIANTA PÔR AS PESSOAS A FALAR SE ELAS NÃO TÊM INFORMAÇÃOQUE LHES PERMITACONSEGUIR PENSARDE.

Bem, mas como é que podes ter a certeza de que isso das lágrimas não á apenas uma reacção epidérmica das mulheres portuguesas?                     Oh Maria! (risos) Oude, seriamente, isto acontece onde quer que fale! Por exemplo, há dois meses os japoneses pediram-nos para irmos lá fazer uma sirie de conferências e seminários sobre o nosso livro. Foram quatro dias extraordinariamente intensos e muito profissionais, até que o Scott se foi embora e eu dei por mim numa sala de reuniões pejada de mulheres completamente Classe A, assim tipo directoras de departamentos, ou donas de editoras, que que queriam falar exclusivamente comigo, por-que queriam ouvir-me contar o que é que acontece quando estas técnicas falham todas e acabou-se a brincadeira, temos que aceitar que na nossa vida nunca existirá aquela experiência linda da gravidez, e sobretudo nunca existirão os filhos com quem nós sonhávamos desde há tanto tempo. Só a meio da minha palestra é que percebi por que é que não estava um único homem na sala: elas queriam estar à vontade, e quase não houve uma que não começasse a chorar. Pessoas japonesas a chorar! Que se lixe o perder a face, que se lixe a contenção asiática: aquelas mulheres tinham tanta infelicidade estampada na cara que houve ali um minuto em que temi o pior, porque até eu comecei a ficar com a voz embargada.

Tanto quanto sei, passaste por várias coisas…                                                                                                                                                                 Onde isso já vai. E como tudo isso desapareceu com-pletamente assim que adoptei os meus filhos. Estas técnicas podem ter consequências absolutamente destrutivas na vida das pessoas. E no que resta do equilíbrio do mundo, agora com esta moda do tu-rismo reprodutivo. Daí o que o Scott e eu pensámos que era a urgência deste livro, ou que as asiáticas acharam que era a urgência desse encontro: temos que começar todos a falar disto. Mas não adianta pôr as pessoas a falar se elas não têm informação que lhes permita conseguir pensar. Olha a vergonha da linguagem dos políticos, deputados, jornalistas, sei lá, bloggers e outros opinion makers portugue-ses, só para te dar um exemplo horrível.

O que é que é assim tão horrível?                                                                                                                                                                                    Olha, basta a linguagem. De cada vez que oiço dizer “barriga de aluguer” fico mesmo para morrer de ver-gonha por ser o meu país a fazer isto!

Mas porquê?                                                                                                                                                                                                                      Pelo amor de Deus, mas desde quando é que se pode reduzir uma mulher à sua barriga? Para te dar o pior dos termos de comparação, acaso alguém chama às prostitutas “vaginas de aluguer”? Esse maldito termo apareceu de geração espontânea no final dos anos 70, quando começaram as FIVs e nasceram as primeiras crianças concebidas por mães hospedeiras e a lingugem da área ainda não estava minimamente organizada. Mas ouve, as feministas protestaram, os biólogos protestaram, até houve mães hospedeiras que protestaram, e então os médicos pensaram melhor. Fizeram-se encontros internacionais, publicaram-se artigos em boas revistas, e em 1990 o ter-mo já estava banido da linguagem da especialidade. Que horror, Maria, este disparate dos portugueses a chamar barrigas às mulheres é triste, mesmo triste. Os peritos que nos avaliaram, e que desconhecem esta situação, queriam por força que eu tirasse o parágrafo com o assunto, porque achavam que o problema já não se punha. Não imaginas a batalha que aquilo foi (respira fundo e encolhe os ombros com simplicidade) Enfim, também, conseguir publicar na Columbia não é brincadeira nenhuma para ninguém.

E andaste nessa batalha enquanto escrevias o romance?                                                                                                                                                        Ah, não. Isso não. Naquele momentos, com o total rigor científico que nos é exigido, A TIRANIA DA DISTÂNCIA tinha que ficar parada. Depois, lá voltava eu para o meu fantástico mundo interior. Agarrava-me de tal maneira ao teclado que os meus amigos diziam que eu estava endemoninhada.                                                                                                                                                                                                                                                Se calhar estás. Só a tua vida bem podia ser a de um personagem de ficção científica. A Clara é bióloga, historiadora da ciência, Professora universitária, actriz, jornalista, e escritora consagrada, ainda por cima bilingue…                                                                                                                  Também dou Mãe, e Avó. E tenho imenso orgulho nisso.

PENSARDE CADA VEZ QUE OIÇO DIZER“BARRIGA DE ALUGUER” FICO MESMOPARA MORRER DE VERGONHA POR SERO MEU PAÍS A FAZER ISTO!

E tens algum lema que te oriente em tantos caminhos?                                                                                                                                             Tumidis non mergimur undi. Foi o lema atribuído pelo Plínio aos ouriços do mar, que pareciam tão colados às rochas que nenhuma tempestade poderia arran-cá-los dali e destruí-los: não nos deixamos submer-gir pelas ondas. Eu sempre fui assim, consegui ser assim em momentos que fizeram tudo parecer im-possível, e é por isso que tenho tanta curiosidade e optimismo em relação ao futuro.

Ashi

 

                                                                       O criador que ganhou o prémio Noivas Eles&Elas

Encontrámos Ashi e tivemos que decidir oferecer-vos um especial noivas pois ficámos completamente rendidos às criações deste grande estilista. Esperamos que os nossos leitores também o escolham como o maior criador de moda do momento. Nós escolhemos. E apresentamos a colecção Ashi Studio – 2018/2019.

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